A soja trabalha praticamente estável nesta segunda-feira, abrindo com alta de 0,3%. Já o dólar inicia o dia em queda, passando de R$ 5,81 na sexta-feira para R$ 5,78 na abertura. A soja em Chicago segue sem grandes expectativas de altas fortes e sustentáveis neste momento.
Quase todos os fundamentos que regem o preço estão negativos, de forma que manter-se estável já pode ser considerado positivo. Desde julho, quando o grão alcançou o pico de 2024, ultrapassando 12 dólares por bushel, a cotação caiu consideravelmente.
Os fatores que impulsionaram essa queda se confirmaram, incluindo uma grande safra americana sem problemas climáticos e boa produção até o final da colheita.
Outro fator relevante foi a vitória de Trump, que pode desencadear uma nova guerra comercial com a China, reduzindo as compras chinesas de soja americana. Apesar disso, ele só assumirá em 20 de janeiro, o que mantém a questão em aberto. Entretanto, os chineses já estão se antecipando: na última semana, dos 30 navios de soja vendidos à China, 15 foram brasileiros, enquanto o restante veio dos EUA e outros países. Um ponto interessante é que apenas a Sinograin, equivalente à Conab na China, está comprando soja americana, enquanto as tradings privadas chinesas priorizam o Brasil.
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Diante desse cenário, Chicago não apresenta grandes fundamentos para altas no curto prazo e segue em patamares baixos.
No Brasil, o prêmio e o dólar vêm sustentando os preços.
Para os produtores, é essencial considerar que Chicago está estável e baixista, abaixo de 10 dólares por bushel. Assim, o foco maior deve ser no dólar e no prêmio, pois esses fatores realmente podem fazer a diferença a curto prazo.
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Sobre o prêmio, há potencial de alta no segundo semestre de 2025, com aumento de esmagamento, entressafra e o período principal de compras chinesas de soja americana. Caso a China redirecione essas compras ao Brasil, os prêmios podem subir ainda mais. Contudo, tudo depende das decisões de Trump e sua relação com a China. Para quem tem caixa, aguardar até o segundo semestre de 2025 pode se mostrar uma estratégia lucrativa.
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No dólar, o governo deve apresentar entre hoje e amanhã o pacote de corte de gastos, uma medida que tem gerado impacto no dólar. A demora na entrega desse pacote, associada à desconfiança sobre sua eficácia para alcançar o déficit zero, tem pressionado o câmbio para cima. Caso o pacote agrade o mercado financeiro, o dólar pode cair, impactando negativamente os preços da soja no mercado físico.
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O milho começa a semana com leve queda em Chicago e estabilidade na B3
No entanto, traders apostam em uma possível alta, devido à ausência do Brasil nas exportações de 2024 e à possível redução da produção do milho safrinha em 2025, provocada pelo atraso no plantio da soja, que pode afetar diretamente a janela de plantio do milho.
É importante que os produtores aproveitem as volatilidades e altas ocasionais, principalmente por conta de fatores ainda incertos.
Se as vendas forem adiadas e o mercado interpretar que o plantio de soja está em boas condições, permitindo uma colheita mais rápida, o milho safrinha pode não ser impactado, e os preços podem recuar no início de 2025.
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