quarta-feira, dezembro 18, 2024

Desafios na fase de maternidade e seus impactos no ciclo produtivo na suinocultura

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Medidas preventivas adotadas nesse período permitem uma produção mais robusta e eficiente

A suinocultura moderna tem buscado maximizar a eficiência produtiva por meio de melhorias genéticas, nutricionais e sanitárias. Entretanto, é importante ressaltar que a fase de maternidade, compreendendo o período desde o nascimento até o desmame dos leitões, segue sendo o alicerce para uma produção eficiente. Durante esse período, a saúde e o manejo adequado das matrizes e dos leitões são indispensáveis para garantir o desenvolvimento da granja.

Essa é reconhecidamente uma das etapas mais sensíveis do ciclo produtivo, pois os animais nascem com sistemas imunológico e digestivo ainda imaturos, o que os torna altamente vulneráveis à ação de diversos agentes patogênicos. A transferência de imunidade passiva, que ocorre pelo colostro, é temporária e os animais precisam desenvolver suas próprias defesas para enfrentar a pressão de infecção na granja. Adicionalmente, a alta densidade populacional e o ambiente confinado, característicos de sistemas intensivos de produção, são fatores predisponentes para a disseminação de agentes infecciosos.

Entre as principais preocupações no campo estão as diarreias neonatais, causadas por patógenos, como Cystoisospora suis, (agente etiológico da coccidiose), Escherichia coli e Clostridium perfringens, além da anemia ferropriva, que afeta diretamente a capacidade dos leitões de se desenvolverem adequadamente.

As diarreias neonatais são um dos principais problemas sanitários, elas possuem diferentes etiologias, incluindo infecções bacterianas, como Escherichia coli e Clostridium perfringens, virais, como o rotavírus, e parasitárias, como a coccidiose. As infecções bacterianas, em especial as causadas por E. coli enterotoxigênica, são responsáveis por quadros graves de diarreia, que podem levar à desidratação rápida e, em casos severos, à morte dos leitões.

Além disso, a alta incidência de diarreias neonatais está associada a falhas no manejo, incluindo a limpeza inadequada das instalações e a falta de imunização das matrizes. Em granjas com alta densidade populacional, esses fatores podem contribuir para surtos epidêmicos, com impactos devastadores no desempenho zootécnico dos animais.

Já a Coccidiose, causada pelo protozoário C.suis, é altamente prevalente nas granjas de suínos de todo o mundo. A infecção ocorre geralmente nos primeiros dias de vida, porém devido ao ciclo de vida do parasita, acaba se manifestando clinicamente entre os 5 e 15 dias de idade. Os principais sinais clínicos são compostos por diarreia aquosa, amarelada, desidratação e perda de peso, com baixa mortalidade. Os leitões acometidos apresentam dificuldade de crescimento, o que impacta diretamente o desempenho produtivo pós-desmame.

O ciclo de vida do C.suis inclui a multiplicação intracelular no epitélio intestinal, o que resulta em destruição de células intestinais e redução da capacidade absortiva, agravando o quadro de diarreia. Além disso, os oocistos, que são eliminados nas fezes dos animais infectados, são altamente resistentes no ambiente, e podem permanecer por vários meses, remanescentes de leitegadas anteriores ou sendo carreados de outros locais por meio de insetos, roedores ou pessoas facilitando a reinfecção e a disseminação da doença.

Já a anemia ferropriva é outra preocupação crítica na fase de maternidade. Esta condição, que afeta a totalidade dos neonatos, é desencadeada por fatores já conhecidos: a baixa transferência de ferro por via transplacentária, a quantidade limitada de ferro presente no colostro e no leite materno, a diminuta reserva de ferro do animal no momento do nascimento e a rápida velocidade de crescimento e ganho de peso dos leitões, que demandam mais ferro para o desenvolvimento muscular e dos órgãos. Uma leitegada anêmica apresenta redução no ganho de peso, crescimento muscular lento e uma maior suscetibilidade a infecções e outras doenças ao longo da vida.

Os impactos dos desafios na fase de maternidade não se restringem apenas à mortalidade dos animais, estando também associados a quedas no desempenho produtivo durante toda a vida do suíno, refletindo em perdas econômicas significativas. Desta forma, o uso adequado de medidas preventivas são fundamentais para reduzir a ocorrência dessas enfermidades e otimizar o desempenho produtivo.

O controle das diarréias neonatais, por exemplo,  depende de uma abordagem integrada, que envolve o manejo sanitário, a vacinação adequada e a rápida identificação e tratamento dos surtos. Estratégias preventivas, como a melhoria das condições ambientais e o fortalecimento da imunidade passiva por meio da boa ingestão de colostro, são fundamentais para reduzir a incidência e o impacto dessas infecções no rebanho.

Já para lidar com os desafios impostos pela anemia e a coccidiose, a suplementação de ferro injetável e a administração de coccidicida via oral para a leitegada nas primeiras horas de vida é uma medida rotineira nas granjas. Entretanto, o processo aumenta o grau de manipulação dos leitões e promove um elevado índice de estresse para os animais.

Desta forma, a  introdução de uma combinação injetável  em dose única com a associação de gleptoferron e toltrazuril simplifica o controle desses desafios, proporcionando benefícios tanto para os animais quanto para os produtores.

Por ser de dose única, fixa e injetável, a utilização desta solução permite garantir uma entrega mais segura para o leitão, com menos estresse e uma redução considerável nas subdosagens ou falhas de administração quando comparada a via oral.

A aplicação do fármaco nas primeiras 48 horas de vida dos suínos, reduz o tempo de manipulação dos leitões e, por consequência, seu nível de estresse, o que contribui diretamente para manutenção do bem-estar animal e para a otimização dos recursos de mão-de-obra

O toltrazuril já tem eficácia comprovada no combate à coccidiose suína, mas a sua farmacocinética pela via injetável faz com que ele seja ainda mais eficiente no controle da coccidiose e na redução da excreção de oocistos do que a via oral. Já o gleptoferron é uma molécula de ferro de qualidade superior, sendo ideal para os leitões neonatos e com melhor biodisponibilidade. Estudos realizados no campo mostram que leitões tratados com essa combinação injetável não apresentaram quadros de anemia ferropriva, e a excreção de oocistos de C. suis ocorreu em menor quantidade e por um período bem menor de tempo.

A associação destas moléculas tem como objetivo simplificar a rotina dos suinocultores, permitindo a implementação de uma nova estratégia para prevenir a anemia ferropriva, controlar a excreção de oocistos, facilitar e melhorar o manejo e o bem-estar dos animais. Desta forma é possível melhorar o ambiente epidemiológico e aumentar o status sanitário do plantel na primeira semana de vida até as seguintes fases dos leitões.

Um estudo realizado na Espanha relata que os leitões submetidos à dose única de gleptoferron e toltrazuril apresentaram mais tempo em amamentação após o tratamento, quando comparado ao grupo de animais com tratamento parenteral + oral contra as mesmas doenças, em que observou-se aumento da necessidade de tempo de repouso. Isso demonstra maior facilidade à retomada do comportamento natural quando o tempo de manipulação é menor, com uma tendência estatística de menor concentração de cortisol sistêmico. Observou-se também, no grupo tratado com a solução, um maior ganho de peso médio diário dos leitões durante a lactação e, posteriormente, maior peso ao desmame.

Inovações como essa abrem caminho para uma nova visão para a fase de maternidade, com os produtores investindo na otimização dos processos da granja e eficiência do manejo, sem perder o foco na saúde e bem-estar do animal. O foco em programas de controle de doenças e monitoramento constante da saúde dos leitões é vital para assegurar que a suinocultura possa atingir ótimos níveis de eficiência e lucratividade. (Divulgação)

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