O presidente Lula (PT) afirmou nesta semana que o problema do agronegócio com a sua gestão é “ideológico” e não ligado a questões econômicas.
A fala ocorre no momento em que a chamada bancada ruralista, que conta hoje com a adesão de cerca de 300 dos 513 deputados, tem imposto uma série de derrotas e entraves ao governo no Congresso Nacional.
“Tenho noção do que nós fizemos [para o agronegócio]. O problema deles conosco é ideológico, não é problema de dinheiro a mais no Plano Safra. Não quero saber se produtor rural gosta de mim ou não”, afirmou o presidente, na última quinta-feira (15).
Ontem (16), o mandatário inaugurou um anel viário em Jataí (GO) e um trecho da ferrovia Norte-Sul, em Rio Verde (GO).
O presidente foi questionado sobre a sua relação com o agronegócio, setor que esteve muito associado a seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
“Não estou preocupado com o fulano e ciclano pensa de mim. Estou preocupado que se as pessoas forem honestas comigo tem que dizer em alto e bom som: nunca antes na história desse país a agricultura foi tão bem tratada como no governo Lula”, disse.
Lula foi eleito com estreita margem de votos e, ao mesmo tempo, viu o Congresso ser formado por uma maioria conservadora. Os partidos de esquerda reúnem apenas cerca de um quarto do total de cadeiras na Câmara.
Por isso, desde a transição, Lula tenta atrair uma coalizão que lhe dê uma sustentação legislativa sólida, mas tem enfrentado diversos problemas e derrotas na Câmara, mesmo tendo distribuído nove ministérios a MDB, PSD e União Brasil.
Há uma grande insatisfação com a articulação política, inclusive em partidos da esquerda. Uma das principais reclamações é justamente relacionada à divisão de cargos federais entre esses partidos de centro e de direita.
Além dos cargos, congressistas reclamam da falta de atenção que ministros do governo dispensam aos seus pleitos, além da demora na liberação de emendas ao Orçamento da União, atualmente o principal instrumento de relação entre o Executivo e o Legislativo.
Foto: Ricardo Stuckert