Em meio ao movimento vibrante da Expoingá, onde a música, a cultura e os sabores regionais se misturam ao som das risadas e passos apressados, há uma presença que surpreende pela quietude: a estátua viva de José Antônio da Silva. Com roupas douradas, maquiagem impecável e uma postura inabalável, ele se transforma em obra de arte viva e hipnotiza quem passa por perto — especialmente os olhares atentos das crianças.
Além de 20 anos como saxofonista, José Antônio já soma mais de dez anos atuando como estátua viva. A trajetória começou de maneira inesperada, a partir de uma dificuldade.
“Eu pintava telas ao vivo em Piracicaba, mas a fiscalização achava que eu comprava para revender. Por mais que explicasse, era sempre uma dor de cabeça”, relembra. A virada veio com a sugestão de um amigo artista: “Ele me disse que estátua viva era uma forma de arte reconhecida, amparada legalmente. Resolvi tentar.”
Mas engana-se quem pensa que a arte de ficar imóvel é simples. José traz em sua bagagem experiências com teatro e palhaçaria, o que lhe deu a base para criar personagens e interagir de forma sutil e expressiva com o público. “Não é só ficar parado. Às vezes um gesto mínimo, um piscar de olhos, já cria conexão. Tem técnica, tem emoção, tem preparo físico também”, aponta.
A reação do público, segundo ele, é sempre imprevisível — e é isso que torna tudo tão especial. “Tem criança que acha que sou um boneco de verdade. Outras tentam me fazer rir. Tem adulto que tira foto, bate palma, outros fazem perguntas como se eu fosse estátua de museu”, brinca.
Mesmo nos momentos desafiadores, José garante: “É gratificante demais. Quando percebo que meu trabalho gera curiosidade, espanto ou sorriso, já valeu o dia”, afirma.
Durante os dias de Expoingá, ele alterna entre as performances de estátua viva e apresentações musicais com seu saxofone — mas a escultura humana dourada, imóvel no meio do burburinho da feira, é com certeza uma das imagens mais marcantes do evento.