O déficit de armazenagem previsto 2022/23 deverá ficar na casa das 118,5 milhões de toneladas
Que o Brasil é um dos maiores produtores de grãos do planeta não se discute. O que chama a atenção, principalmente durante as safras, é a falta de estrutura para armazenagem – em especial na região Centro-Oeste. Isso é comprovado pelo presidente Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos (CSEAG), Paulo Bertolini, que também preside a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo ele, o déficit previsto em 2022/23 deverá ficar na casa das 118,5 milhões de toneladas.
Atualmente, a capacidade estática de armazenagem de grãos do país é de 194 milhões de toneladas – infelizmente como é de conhecimento de todos, boa parte da safra brasileira é “estocada” nos graneleiros dos milhares de caminhões que transportam a produção até os portos. “Nossa capacidade de armazenagem cresce, em média, 4,8 milhões de
toneladas, bem abaixo do ritmo observado na produção de grãos, que avança ao redor de 9,4 milhões de toneladas”, pontuou Paulo Bertolini.
Reflexo disso são as enormes filas de caminhões à espera de transbordo em cerealistas ou cooperativas, além das montanhas de cereais que, por milhares de vezes já foram fotografadas ou filmadas ao relento.
Safra do Brasil
A produção de grãos no país deverá bater novo recorde com 315,8 milhões de toneladas na safra 2022/2023. A previsão consta do 9º Levantamento da Safra de Grãos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se confirmada a expectativa, ela representa um crescimento de 15,8% na comparação com a safra obtida no ciclo anterior – ou um volume superior de 43,2 milhões de toneladas.
Já a área destinada ao plantio apresenta crescimento de 4,8%, na comparação com o ciclo 2021/22, chegando a 78,1 milhões de hectares. O maior crescimento do atual ciclo é o da produção de soja, que está com a colheita “praticamente finalizada”, segundo a Conab. A estimativa é de que a oleaginosa chegue a uma produção de 155,7 milhões de toneladas, número que representa crescimento de 24% (acréscimo de 30,2 milhões de toneladas) em relação ao obtido no ciclo 2021/2022.
Plano Safra
O presidente da CSEAG, Paulo Bertolini, revelou que, para acompanhar o crescimento da agricultura o volume anual de recursos a ser alocado em investimentos para armazenagem deveria ser de pelo menos R$ 15 bilhões. O valor disponibilizado no Plano Safra, divulgado na última semana, é quase 3 vezes menor – R$ 6,5 bilhões, sem contar que, segundo ele, “a burocracia muito grande, o que acaba inviabilizando o acesso pelo produtor a esses recursos para a realização de investimentos”.
(Cleber França com Agência Brasil e Canal Rural) (Foto:SMA Industrial)