Colheita acelerada e redução na moagem industrial derrubam as cotações; Brasil segue como maior produtor e exportador de suco do mundo
Se você notou a laranja mais barata na feira, não foi impressão sua! A chegada das variedades precoces está enchendo os pomares e, como sempre, quando a oferta sobe, o preço cai. Segundo o Hortifrúti/Cepea, nesta última semana de maio (26 a 29), a laranja pera in natura foi vendida, em média, a R$ 74,68 por caixa de 40,8 kg — uma queda de 3,42% em relação à semana anterior.
As laranjas precoces, como a westin e a hamlin, também perderam valor: a westin está saindo a R$ 71,05 por caixa, recuo de 8,4%, e a hamlin a R$ 69,68, com baixa de 7,11%. Nem a lima tahiti escapou: a caixa de 27,2 kg foi vendida a R$ 26,34, 0,36% mais barato que antes. O excesso de fruta não é só culpa da natureza: algumas indústrias reduziram ou até pararam de moer laranja nas últimas semanas, jogando ainda mais produto no mercado de mesa. Resultado? Preços ainda mais baixos para quem compra in natura.
Safra atual – Esse cenário acontece logo no início da safra 2025/26, e as expectativas são altas. O Fundecitrus prevê uma colheita de 232,38 milhões de caixas de laranja na principal região produtora do país — São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais — um salto de mais de 26% em comparação à safra passada.
Aliás, não é de hoje que o Brasil domina o mundo da laranja. Nosso país responde por aproximadamente 30% da produção global da fruta e, mais impressionante ainda, cerca de 70% do suco de laranja exportado no planeta sai daqui. Só em 2023, por exemplo, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de suco concentrado, principalmente para Europa, Estados Unidos e Japão.
Histórico – Essa tradição vem de longe: desde os anos 1970, o Brasil se consolidou como líder na citricultura mundial. O clima favorável, a área extensa de cultivo e o investimento em tecnologia tornaram a citricultura uma das atividades agrícolas mais importantes do país.
Por outro lado, a maioria dessa produção vai para a indústria: cerca de 70 a 80% das laranjas colhidas viram suco. O restante segue para o mercado de mesa — o que explica por que, quando a indústria reduz o ritmo, como agora, sobra mais fruta para consumo direto e os preços caem.
Para quem gosta de um bom suco natural ou daquela laranja docinha para o lanche, o momento é ótimo. Já para os produtores, o desafio é equilibrar custos e ganhos em meio à montanha de fruta que chega do campo.
E, claro, torcer para que o tempo continue colaborando, porque na agricultura, todo mundo sabe: além de preço e produção, o clima sempre tem a última palavra. (com Cepea)
Foto: Envato