Nos supermercados, meio quilo de café está sendo vendido por cerca de R$ 30; especialista explica que os fatores logísticos, climáticos e econômicos são as principais causas das altas crescentes de preços
Em 14 de abril comemora-se o Dia Mundial do Café. Quem não dispensa a bebida todos os dias está sentindo no bolso o impacto do preço: a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que o café foi o segundo item da cesta básica que registrou maior elevação de preço entre os meses de fevereiro e março de 2025, em Curitiba: 13,28%. Mas por que o café está tão caro? E qual a tendência para os preços nos próximos meses?
Segundo o professor de Economia e Finanças do curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário, Luis Antonik, o preço do café aumentou devido a uma série de fatores, que, juntos, levaram um quilo do produto a custar cerca de R$ 60 reais no varejo. “Esses fatores são climáticos, econômicos e logísticos”, destaca.
Em relação ao clima, constataram-se nos últimos meses períodos de geadas e de secas no Brasil, que é o principal produtor de café arábica. Essas geadas vêm afetando as safras de café desde 2021, especialmente em Minas Gerais e São Paulo (o que forçou a redução na produção), e também em 2024, nos mesmos estados.
As secas também afetaram países que produzem outros tipos de café, como o Vietnã, que em 2024 sofreu uma queda de 20% em sua produção cafeeira. “Quando o Brasil ‒ ou outro grande produtor como Vietnã e Colômbia ‒ tem queda na produtividade, a oferta global diminui, o que naturalmente pressiona os preços para cima”, explica.
A seca tem outro aliado que acaba por compor o preço do café: o dólar com valores altos. “Com menos café disponível, os produtores tendem a priorizar a exportação, pois recebem em dólar ‒ e o câmbio vem favorecendo isso. Então, a valorização do dólar também reflete no preço alto do café. Quando o dólar sobe frente ao real, o produtor brasileiro tende a exportar mais, o que pode reduzir a oferta interna e aumentar os preços no mercado brasileiro. O mercado interno então fica com menos produto, e os preços sobem nos supermercados e cafeterias”, esclarece Antonik. No início de 2024, o dólar estava cotado a R$ 4,85. No fim do ano, em 31 de dezembro de 2024, a cotação era de R$ 6,18. Isso representa uma valorização da moeda de aproximadamente 27,3% ao longo do ano.
Em 2025, registram-se mais períodos de tempo seco no Brasil, com previsões indicando uma produção de 26,5 milhões de sacas, uma redução em relação às 27 milhões de sacas da temporada anterior.
Logística e custos de produção
No que diz respeito aos fatores logísticos, a falta de contêineres, o aumento nos custos de transporte devido à guerra no Mar Vermelho e os atrasos nos portos afetaram a exportação de café, o que, segundo o professor, causou incertezas no mercado e elevação dos preços internacionais.
Mais um agravante nesse cenário é o custo de produção. Os fertilizantes e defensivos agrícolas, além da energia, também estão mais caros, o que faz com que os produtores repassem parte desses custos aos compradores.
Por fim, a demanda crescente pelo café, especialmente em países emergentes e entre jovens consumidores, como China e Índia, vem aumentando ‒ o que também reflete nos valores. “Com mais gente consumindo e menos oferta, os preços sobem”, comenta o professor Antonik. (Assessoria)
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