sábado, novembro 23, 2024

Especialista faz análise do mercado futuro da soja

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A soja fechou em nova alta ontem em Chicago: 11,57 dólares por bushel para agosto e 11,17 para setembro. O contrato de julho já não está sendo utilizado no Brasil.

Para os que não acompanham de perto o mercado, a soja está subindo em Chicago, mas é uma recuperação das melhores cotações que já vimos este ano, entre os meses de maio e junho, quando recomendamos a venda de soja.

Chicago chegou a trabalhar em 12,57 dólares por bushel, o equivalente a 2,20 dólares por saca, ou cerca de 12 reais por saca de aumento em comparação as cotações de hoje.

Essa recuperação continua com pouca ligação direta com a soja em si, o que é um motivo preocupante. O único fator relacionado à soja que está impulsionando levemente os preços são as previsões climáticas nos Estados Unidos, algo normal que acontece todo ano durante o plantio americano de soja. Então, se não é preocupação com a soja, o que está fazendo ela subir?

O óleo de soja está desempenhando um papel crucial nisso. Tanto no mercado brasileiro quanto no internacional, a demanda por todos os óleos está mais forte. O óleo de palma, um grande concorrente do óleo de soja, já vem sofrendo desde o início do ano com produções menores, principalmente na Malásia, que é o maior produtor.

A diminuição na produção de óleo de palma pela Malásia é devido a palmeiras velhas que não vêm produzindo na mesma condição de antes e à falta de espaço para aumento de área. Dessa forma, a Índia, que é o maior comprador de óleo do mundo, sentiu a escassez do óleo de palma e aumentou a compra de óleo de soja, que também subiu para acompanhar e se equilibrar no mercado.

Além disso, a crescente demanda por óleo de soja tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos vem aumentando.

Na verdade, parecia que as indústrias estavam adormecidas entre fevereiro e junho.

Todos os indicadores do ano passado apontavam para uma demanda maior de óleo em 2024 pelo biodiesel 14%, que entrou em vigor em março deste ano, e para o biodiesel 15%, que deve entrar em março de 2025.

Porém, a produção não estava tão forte, e o relato era de grandes estoques de biodiesel prontos para serem retirados pelas distribuidoras de combustíveis, o que estava gerando conforto nos compradores.

No final de junho para julho, tanto a demanda americana quanto a brasileira ficou tão forte que elevou rapidamente os preços do mercado e trouxe os prêmios aos melhores patamares do ano.

A sensação de grandes estoques de soja americano e brasileiro nos últimos meses vinha trazendo tranquilidade ao mercado, mas com o avanço da comercialização de soja para exportação, e com as altas em Chicago e no dólar, as esmagadoras e compradoras de óleo estão bem mais preocupadas.

Em resumo, a soja tem uma preocupação que está mantendo ela em alta, porém, o grande fator neste momento é o óleo.

Devemos aproveitar muito esse dólar alto, que inclusive recuou ontem em 10 centavos, caindo de 5,66 para 5,56, pois ele continua sendo o grande fator de alta para os preços físicos no Brasil.

Se o dólar volta a 5,30 nas condições atuais de Chicago, a soja no porto cai de 147,00 reais por saca para 141,00 reais por saca, o que é uma baita diferença.

Devemos aproveitar isso neste momento. Inclusive, ontem tivemos o dia de maiores vendas de soja para a safra 2024/25: cerca de 1,2 milhão de toneladas foram negociadas para a safra futura, o que também tem a ver com o barter e vendas de soja para comprar insumos que ainda faltavam.

A curto prazo, a soja pode continuar subindo, pois a China vem iniciando fortes compras de soja americana, o que mantém Chicago em alta.

No entanto, os preços da soja brasileira podem cair, já que nossa soja ficará mais cara nos próximos meses para venda na China.

Dessa forma, teremos o prêmio descontado por isso. Ou seja, mesmo se Chicago subir, podemos ter queda nos preços devido ao prêmio que pode se tornar negativo novamente, já que será mais interessante para a China comprar soja americana a partir de agosto. (Filipe Soares, especialista em comércio internacional de commodities)

Foto: Cleber França

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