Desafios climáticos e margens apertadas influenciam projeções para a próxima safra de soja,relatório da consultoria aponta aumento de apenas 2,55%, o menor em cinco anos
A Biond Agro divulgou um relatório que destaca o menor crescimento da área plantada de soja para a safra 2024/25 em um comparativo dos últimos cinco anos, com aumento estimado de apenas 2,55% em relação à safra anterior. A empresa aponta que fatores climáticos e econômicos devem trazer desafios significativos aos produtores. Segundo o relatório, a área plantada de soja será de 47,2 milhões de hectares, refletindo margens de lucro mais estreitas e um cenário de menor atratividade para o setor.
De acordo com o líder de inteligência e estratégia da Biond Agro, Felipe Jordy, o fenômeno climático La Niña, com intensidade fraca, pode ter um papel importante na safra. “Historicamente, esse efeito no Brasil costuma resultar em ganhos de produtividade em relação às safras anteriores. No entanto, o padrão climático tem se tornado cada vez mais imprevisível, de modo que o que era habitual no passado pode não se repetir na mesma proporção agora”, afirma.
Além dos desafios climáticos, as margens apertadas e os altos custos de produção também são uma preocupação central. A Biond Agro destaca que os custos elevados, somados à baixa absorção dos aumentos de custos pelo plano safra 24/25 e às altas taxas de juros, podem limitar os investimentos em tecnologia por parte dos produtores, impactando diretamente a produtividade das lavouras.
Impacto do corte de margens na produção
A combinação de fatores econômicos adversos está pressionando as margens dos produtores de soja, o que influencia o desempenho esperado para a safra 24/25. De acordo com o especialista, “os custos elevados e a oferta mundial abundante estão comprimindo os preços e consequentemente as margens de lucro. Com a alavancagem financeira dos produtores em alta, muitos terão dificuldades para investir em tecnologia, o que também pode comprometer a produtividade esperada”. A previsão de produtividade é de 58,2 sacas por hectare, um crescimento de 9% em relação à safra anterior, mas inferior à média histórica dos últimos anos com La Niña de intensidade fraca.
Embora a produção de soja tenha uma expectativa de crescimento em 11,8%, chegando a 164,8 milhões de toneladas, esse aumento deve ser visto com cautela, considerando os desafios mencionados. Jordy reforça que “A projeção de ampla oferta tende a pressionar os preços. Por isso, é crucial que o gerenciamento dos custos, dos riscos na produção e comercialização seja conduzido com excelência, visando maximizar os resultados em um ano que promete ser desafiador.”.
Influência climática incerta na safra 24/25
O relatório da Biond Agro também aponta que o impacto do fenômeno La Niña sobre a safra 24/25 ainda é incerto, mas preocupante. “A intensidade fraca do La Niña pode gerar impactos climáticos diferentes nas regiões do Brasil, o que torna o planejamento agrícola um desafio. O comportamento irregular das chuvas e a intensidade do calor, por exemplo, pode prejudicar a produtividade em áreas que costumam ser mais produtivas”, ressalta.
A Biond Agro enfatiza que as mudanças climáticas globais estão tornando os impactos de fenômenos como El Niño e La Niña menos previsíveis, exigindo dos produtores maior atenção ao planejamento e ao uso de tecnologias de mitigação de riscos climáticos. “A variabilidade climática está cada vez mais presente nas safras brasileiras. Os produtores precisarão adotar cada vez mais práticas de gerenciamento de risco, para minimizar os impactos e garantir a produção dentro das metas”, conclui Felipe Jordy. (Divulgação)
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