Um Pesquisa da Embrapa Milho e Sorgo (MG) aponta práticas de manejo da lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) adaptadas aos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). São orientações construídas com base no novo cenário de exploração agropecuária do milho, que envolve plantios consorciados com a braquiária. As técnicas são recomendadas para a formação de pastagem e de palhada no sistema plantio direto e integram as prerrogativas desses modelos, que aliam produtividade e sustentabilidade.
Praga mais preocupante
A lagarta-do-cartucho é uma das pragas mais preocupantes nos sistemas integrados de produção, e o seu manejo deve levar em consideração práticas de controle eficazes, uma vez que o inseto se alimenta de várias espécies de plantas. Outro problema é que a S. frugiperda apresenta rápida adaptação às principais estratégias de manejo vigentes, que são o uso de plantas Bt (que contêm genes da bactéria Bacillus thuringiensis) e o controle químico.
“O manejo da lagarta-do-cartucho em campo é complexo e deve levar em consideração todo o sistema de produção envolvido. Por isso, é necessário conhecer melhor a sua ocorrência e permanência em sistemas como o ILPF e o de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), que são cada vez mais adotados nas diferentes regiões do Brasil”, comenta o pesquisador Ivênio Oliveira.
Compreensão do comportamento
A pesquisa alerta os produtores para o fato de que precisam ser mais cuidadosos em relação ao plantio da braquiária com o milho, uma vez que essa gramínea é um dos principais hospedeiros da lagarta-do-cartucho. O objetivo é auxiliá-los na compreensão do comportamento da S. frugiperda e oferecer opções para manejá-la dentro de sistemas integrados de produção. “Entender as etapas de monitoramento e observar os momentos de tomada de decisão para o controle, ou não, é a base para o Manejo Integrado de Pragas (MIP)”, aponta Oliveira.
Foi constatado que há interferência da braquiária no sistema, favorecendo o aumento da população da lagarta, mas que também existem adaptações nas estratégias de manejo que podem minimizar esse problema. “A chave é entender o posicionamento dessas estratégias e dos níveis da tomada de decisão”, complementa o pesquisador.
MIP é opção mais adequada de controle em sistemas integrados
A afirmação de que o Manejo integrado é a opção mais adequada também foi feito pelo Dr. Daniel Ricardo Sosa Gomez, entomologista e pesquisador da Embrapa Soja, destacando aos cooperados da Cocari, os aspectos a serem considerados para a implementação do MIP.
Segundo ele, o produtor deve levar em conta, além da eficácia, a alternância de produtos, a dose certa e a seletividade que, quanto maior, melhor. “A seletividade significa que aquele produto é destinado à praga, sem controlar outros insetos. O produto não tem que servir para eliminar um variado tipo de insetos, mas ser específico para a praga/inseto que está causando problema na cultura”, ressalta.
Gomez explica que os produtos de amplo espectro são recomendados mais para o final do ciclo, porque eliminam diversos insetos, de diferentes grupos, e podem ter efeito de ressurgência. “Quando se aplica um produto, pode ter surgimento da mesma praga mais para a frente. O que acontece nesses casos é que se elimina os inimigos naturais e a praga ressurge, quando a condição é predisponente aos insetos e são usados produtos inapropriados ou de forma inadequada”, detalha.
Redação Cocari, com informações da Embrapa Milho e Sorgo
Foto: Cleber França