A ferrugem asiática é a doença mais severa da cultura da soja. A pesquisadora da pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja), Cláudia Vieira Godoy, e o supervisor Técnico do Centro tecnológico da Cocari (CTC), Cleonei Alieve Batista, ressaltam os cuidados que os produtores devem ter com a doença.
Os primeiros casos foram registrados no Brasil em 2000. De lá para cá, a doença vem se alastrando em todo o país e causando grandes danos econômicos, com redução da produtividade que chega a 90% das lavouras de soja.
Cláudia destaca que em anos normais, os primeiros casos da ferrugem começam em dezembro, mas 2023 está sendo um ano bastante atípico nas condições climáticas no Paraná, assim como em outras regiões. “Tivemos um inverno mais ameno, o que favoreceu a sobrevivência de plantas voluntárias e nessas plantas temos encontrado bastante ferrugem. Já há relatos de lavouras comerciais com ferrugem, antes mesmo de entrar dezembro, o que indica que o fungo está presente no ambiente. O produtor precisa tomar bastante cuidado, principalmente agora que as chuvas vêm se regularizando, favorecendo bastante a soja, para proteger a lavoura da ferrugem”, aconselha.
Os sintomas da ferrugem são bastante discretos no início. “Começa com pequenas pontuações. É importante que o produtor colete as folhas na lavoura e tente observar contra a luz, para identificar esses pontos, e em caso de dúvida, consulte a cooperativa e os engenheiros agrônomos, para saber se a doença já está presente na região”, enfatiza a pesquisadora.
Aplicação de fungicida
Para evitar redução da produtividade, Cláudia orienta que o produtor, quando tem o esporo presente e a lavoura em condições, faça a aplicação de fungicida e se atente à eficiência do produto. “Existem vários fungicidas recomendados para a cultura da soja, mas o fungo da ferrugem vem se adaptando aos fungicidas e a eficiência desses produtos tem caído. É sempre importante que o produtor consulte a eficiência do fungicida para ferrugem, para ter um controle eficiente”, destaca.
Os fungicidas para ferrugem asiática são avaliados anualmente, por uma rede de ensaios e esses resultados são divulgados para os produtores. “É importante acompanhar os resultados, em função dessa adaptação que o fungo vem tendo aos fungicidas. Tem resistências novas aparecendo, por isso é importante que o produtor faça rotação dos fungicidas, para ter um controle eficiente. E há a associação com fungicidas multissítios para aumentar eficiência no controle dos produtos”, destaca.
Alerta aos cooperado
O supervisor do CTC comenta que, apesar de nas últimas safras, a doença ter sido menos agressiva, na safra 2023/24 a ferrugem tem voltado com agressividade muito elevada, causando preocupação. “Isso se deve às condições climáticas que têm ocorrido nesta safra. Tivemos um inverno atípico, com temperaturas mais levadas que o normal, o que favoreceu a presença de plantas tigueras nas lavouras, servindo como fonte de inóculos, contribuindo para a presença maior de ferrugem asiática”, aponta.
A orientação é que produtor mantenha o monitoramento constante da lavoura de soja, principalmente aquelas que já estão em fase reprodutiva, com enchimento de grãos, floração, e qualquer suspeita da presença da ferrugem ou de outras doenças, e dúvida sobre o melhor manejo, os cooperados procurem o Departamento Técnico da Cocari (Detec) da unidade mais próxima e ele irá indicar os melhores fungicidas do mercado. “A Cocari conta com uma ampla linha de fungicidas aos quais apresentam alta performance para controle das doenças da soja, principalmente a ferrugem asiática”, indica.
O profissional do Detec pode ajudar na identificação da doença e orientar no melhor posicionamento de fungicida. “Vale ressaltar também que nos estágios iniciais a ferrugem asiática é de difícil identificação a campo e o cooperado, às vezes, não acredita que sua lavoura esteja com a doença, mas a partir do momento que há condições ambientais de chuva, de unidade relativa do ar e elevada presença de água na planta, vai favorecer a doença, e o produtor pode perceber a presença da ferrugem já em estágio avançado, o que dificulta om controle”, enfatiza Cleonei.
Ele ressalta que para o sucesso do controle, é importante que a identificação seja feita nos estágios iniciais da infecção. “O ideal é que seja feito o controle preventivo, com aplicação de fungicidas nos estágios iniciais da cultura, de forma a não deixar que a ferrugem entre na lavoura”, conclui.
Importante
O site do consórcio antiferrugem traz os municípios onde há relatos da doença, e ajuda a divulgar as informações do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) com relação aos coletores de esporos. É possível também consultar pelo aplicativo do site, e se cadastrar para receber os alertas de ocorrência da ferrugem nos diferentes municípios. (Cocari)
Foto: Cocari
