Os preços dos alimentos para consumo dentro de casa devem fechar 2023 com a menor inflação acumulada no Brasil em seis anos – ou seja, desde 2017. É o que sinalizam projeções de economistas consultados pela Folha de S.Paulo.
Segundo eles, a desaceleração ante 2022 tende a refletir a oferta maior de alimentos a partir das melhores condições climáticas para a produção e o alívio dos custos de insumos que haviam disparado nos últimos anos.
Por ora, as projeções indicam uma alta na faixa de 3% ou menos para os preços da alimentação no domicílio no acumulado de 2023 do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA é o índice oficial de inflação do país.
Em 2022, os preços da alimentação no domicílio acumularam alta de 13,23%.
A carestia à época veio na esteira dos problemas climáticos no Brasil, das pressões de insumos usados na produção e dos impactos da Guerra da Ucrânia sobre as cotações de commodities agrícolas.
A alta em 2022 ocorreu após avanços de 8,24% em 2021, de 18,15% em 2020, de 7,84% em 2019 e de 4,53% em 2018.
Houve deflação (queda dos preços) de 4,85% em 2017. Naquele ano, a produção de alimentos também teve incremento de uma safra maior.
“A gente está saindo de praticamente três anos de muitos problemas climáticos para um ano muito bom nesse aspecto”, afirma o economista Matheus Peçanha, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
O FGV Ibre projeta alta de 3% para a alimentação no domicílio no acumulado de 2023. A base de comparação elevada dos preços, segundo Peçanha, também ajuda a explicar a desaceleração prevista para este ano.
“É uma média. Alguns produtos vão ter queda, como a gente tem visto na proteína animal [carnes]. Já os preços das hortaliças e dos legumes são mais voláteis. Em outros produtos, o aumento vai ser menos expressivo do que nos anos anteriores”, aponta o economista.
A safra brasileira deve alcançar o recorde de 305,4 milhões de toneladas em 2023, segundo estimativa divulgada pelo IBGE na terça-feira (13).
Arquivo/Geraldo Bubniak/AEN