O momento é de foco nas atividades de campo, o que acaba limitando as negociações no mercado interno
O plantio da nova safra de trigo avança em diversas regiões do Brasil, com destaque para o Paraná e o Rio Grande do Sul, estados que concentram a maior parte da produção nacional do cereal. De acordo com informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o momento é de foco nas atividades de campo, o que acaba limitando as negociações no mercado interno, que seguem ocorrendo de maneira pontual.
Apesar do avanço das lavouras, o mercado doméstico continua com preços fragilizados, reflexo da baixa liquidez e da resistência dos compradores em efetuar novos negócios. A expectativa, no entanto, é que o recente movimento de valorização das cotações internacionais possa oferecer algum suporte às referências internas, especialmente em um contexto de oferta doméstica ainda limitada neste período de transição entre safras.
Nos últimos dias, os preços do trigo no mercado internacional subiram, impulsionados por preocupações relacionadas à produção em importantes países exportadores, como a Rússia e a Ucrânia, que enfrentam desafios climáticos e logísticos. Esse cenário pode acabar refletindo no Brasil, favorecendo uma eventual recuperação nos valores praticados no mercado interno.
Enquanto isso, as importações brasileiras de trigo seguem em ritmo mais lento. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea, indicam que, até a terceira semana de maio, com 11 dias úteis contabilizados, o Brasil importou cerca de 359,36 mil toneladas do cereal. O volume representa uma queda expressiva de 45% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Essa redução nas compras externas está relacionada a diversos fatores, como a valorização do dólar frente ao real, que encarece o produto importado, e a postura mais cautelosa dos moinhos, que aguardam o desenrolar da nova safra antes de ampliar suas compras. Além disso, a expectativa de um aumento na produção nacional também contribui para a diminuição da necessidade de importações imediatas.
O Brasil, tradicionalmente, depende de importações para suprir aproximadamente metade do seu consumo interno de trigo, tendo a Argentina como principal fornecedor, seguida por Estados Unidos, Paraguai e Uruguai. Contudo, eventuais problemas climáticos nas lavouras desses países vizinhos podem interferir na disponibilidade e nos preços do produto ao longo do segundo semestre.
Com o avanço do plantio e a expectativa de melhores condições climáticas para o desenvolvimento das lavouras, o setor tritícola brasileiro acompanha atentamente o mercado internacional e as tendências cambiais, fatores que podem impactar diretamente tanto na formação dos preços internos quanto no volume de importações nos próximos meses. (com Cepea)
Foto: Cleber França