sábado, novembro 23, 2024

Produtividade da soja sofreu quebra expressiva na região da Cocamar

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Até a terça-feira (27), a colheita da safra de soja no Brasil já passava de 45% do total da área cultivada e as chuvas constantes têm atrapalhado o trabalho em várias regiões, lembrando que em algumas delas a operação já foi encerrada, como se observa no oeste do Paraná, no norte e oeste do Mato Grosso.

A consultoria AgRural concluiu na semana passada uma nova revisão de sua estimativa de safra. A produção é projetada agora em 147,7 milhões de toneladas, queda de 2,4 milhões em relação aos 150,1 milhões de toneladas da estimativa divulgada em meados de janeiro.

Desta vez, os cortes se devem principalmente às perdas de produtividade no Paraná e em Mato Grosso do Sul, que sofreram com calor e chuvas irregulares em janeiro e parte de fevereiro, lembrando que houve perdas acentuadas nos estados do Mato Grosso, principal produtor nacional de grãos, e Goiás.

No Paraná, segundo dados do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Seab), a produção é projetada em 19,2 milhões de toneladas, contra 22,3 milhões de toneladas da safra anterior (2022/23), uma queda de 14%, mas o percentual pode aumentar à medida que a colheita vai acontecendo. A produtividade média foi calculada em 3.333 quilos por hectare em 2023/24, abaixo dos 3.862 quilos registrados na safra anterior.

Por sua vez, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial que havia estimado inicialmente um potencial de produtividade de 59 sacas por hectare nas regiões onde recebe soja nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, já trabalha com uma média, até o momento, de 42 sacas por hectare.

De acordo com o Departamento Técnico da cooperativa, mais de 50% das lavouras já foram colhidas, considerando a área total na soma das diferentes regiões, sendo mais adiantado o noroeste paranaense, com um percentual superior a 75%.

As médias de produtividade variam muito, como é o caso do noroeste do Paraná, cujos solos são de consistência arenosa. “Este é um ano que demonstra com clareza a importância da cobertura do solo, caso da braquiária”, comenta o coordenador técnico, engenheiro agrônomo Rodrigo Sakurada.

As perdas foram maiores em propriedades onde a soja foi cultivada em solo descoberto, o que demonstra a importância da proteção de palha, feita, quase sempre, com braquiária. Nos municípios de Maria Helena e Tuneiras do Oeste, por exemplo, produtores atribuem a essa cobertura vegetal, entre outros fatores, o melhor desempenho de suas lavouras.

Em Maria Helena, que fica a 30km de Umuarama, o produtor César Formighieri diz que não é viável cultivar sem a palhada e, neste ano, suas médias iniciais têm ficado acima das que vêm sendo obtidas em regiões de terra roxa. Com 30% de suas áreas colhidas, a média é de cerca de 62 sacas por hectare. Já em Tuneiras, um dos produtores referenciais do município já terminou a colheita e, num dos talhões, alcançou a média de 71 sacas por hectare. “Durante a fase de desenvolvimento da lavoura, já dava para ver bem a diferença em relação às lavouras plantadas em solo descoberto”, conta o engenheiro agrônomo da unidade local da cooperativa, Pedro Luchetti.

“A braquiária sempre nos salva”, frisa o produtor César Vellini, de Jardim Olinda, também no noroeste, quase divisa com o estado de São Paulo. “Considerando o forte calor de janeiro, que prejudicou bastante as lavouras, temos áreas com médias que variam entre 29 e 45 sacas por hectare, mas achei que seria pior”.

Na terra roxa, a colheita vai sendo finalizada em Doutor Camargo, município da região de Maringá, cuja média se situa entre 45 a 47 sacas por hectare, segundo informa o gerente da unidade da Cocamar, Valdecir Frare, abaixo do patamar de 54 sacas quando o clima não é tão desfavorável. E, em Cambé, depois de um ciclo 2022/23 considerado excepcional, em que a média foi de 66 sacas por hectare, a colheita deste ano 2023/24, com 50% dos trabalhos já realizados, é de 45 sacas. “Pontualmente, tem havido produtividades maiores, mas, no geral, a média está baixa este ano”, declara o gerente da cooperativa, Lucas Faccin.

A Cocamar previa receber, normalmente, 2,5 milhões de toneladas de soja entregues pelos seus cooperados, frente às 2,3 milhões registradas no ano passado. Uma estimativa mais precisa de redução de safra ainda não foi divulgada pela cooperativa. (Rogério Recco)

Foto: Cocamar

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