O Sistema FAEP manifesta repúdio à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nesta quinta-feira (29), entre os municípios de Ortigueira e Faxinal, no Norte do Paraná. Em vez de adotar uma postura de diálogo com o setor produtivo, que há décadas reivindica segurança jurídica, o presidente sinaliza apoio a um movimento que promove a invasão ilegal de propriedades.
A agenda oficial da Presidência da República prevê a participação de Lula, às 10h, na cerimônia de entregas do Programa Terra da Gente, que ocorrerá no assentamento da comunidade Maila Sabrina, onde mais de 440 famílias serão oficialmente instaladas.
“É indignante para a classe produtora do Paraná ver o presidente visitando um assentamento de sem-terra, enquanto os nossos agricultores vivem uma crise fundiária histórica na região Oeste, marcada por invasões de áreas produtivas por indígenas. Precisamos que o governo federal proponha soluções aos problemas fundiários, e não realizem visitas que passam um recado claro de impunidade aos invasores”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
Há décadas, o setor agropecuário do Paraná condena as invasões de terra. Há 15 anos, na edição 1092 da sua revista Boletim Informativo, o Sistema FAEP criticava movimentos como o “Abril Vermelho”, que fazem disparar o número de invasões em todo o país. Na época, a publicação chegou a listar 82 invasões de terra, com os nomes das fazendas e os municípios atingidos por essas ações criminosas.
Nos últimos anos, somente no Paraná, o MST promoveu inúmeras invasões de terras. Em 2014, 5 mil pessoas ligadas ao movimento invadiram áreas produtivas da Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, na região Centro-Oeste. No ano seguinte, cerca de 1,4 mil integrantes do MST tomaram a Fazenda Figueira, em Londrina, onde existia um centro de pesquisas da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ). No mesmo ano, integrantes invadiram a Fazenda Capão do Cipó, em Castro, nos Campos Gerais, utilizada há mais de 30 anos pela Fundação ABC.
As invasões seguiram e, em 2023, integrantes do movimento interditaram a rodovia PR-170, na região de Guarapuava, agrediram e fizeram reféns dois policiais militares, que estiveram no local para negociar a liberação da estrada.
Em ação recente, em março de 2025, o Sistema FAEP condenou o governo federal por destinar R$ 750 milhões ao MST, gerando insegurança jurídica ao setor agropecuário. “Essa é outra ação descabida por envolver um movimento responsável por invasões de terras. No Paraná, temos inúmeros exemplos de atos violentos, que levam insegurança jurídica aos nossos produtores rurais”, ressalta Meneguette.
Temas importantes
O setor produtivo do Paraná – e de todo o Brasil – vive a expectativa do anúncio do próximo Plano Safra, que passa a valer no dia 1º de julho. O Sistema FAEP, em conjunto com outras entidades do agronegócio paranaense, pede ao governo federal R$ 597 bilhões em crédito rural e R$ 4 bilhões à subvenção do seguro rural.
“No momento, estamos pedindo recursos para o Plano Safra 2025/26, permitindo que os pequenos, médios e grandes agricultores e pecuaristas possam planejar a próxima temporada. Esse valor de R$ 750 milhões destinado ao MST poderia, por exemplo, ser colocado para o seguro rural, uma ferramenta fundamental, mas que, nos últimos anos, tem sido cada vez mais negligenciada”, complementa Meneguette. (Faep)
Foto: Juliana Barbosa / MST-PR