Na manhã desta terça-feira (28) o mercado da soja se comporta de forma estável no mercado internacional, assim como o preço do dólar sendo negociado a R$ 5,91. No entato, a soja começou a semana em queda na Bolsa de Chicago, acompanhada pelo óleo de soja e o milho, que também recuaram. O clima na América do Sul continua sendo um fator importante no radar, já que o atraso na colheita brasileira está impactando diretamente os embarques de soja, o que pode comprometer até os estoques da China.
Durante o final de semana, produtores relataram um avanço na colheita em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, graças a condições climáticas favoráveis. No entanto, apesar desse atraso inicial na colheita brasileira, os preços não têm subido devido à grande oferta global de soja.
Normalmente, as tradings pagam mais pela soja quando há atrasos na colheita, visando cumprir contratos de exportação e evitar a taxa de “demurrage”, que é cobrada por cada dia de atraso em que o navio fica esperando para ser carregado no porto. Essa taxa pode chegar a 25 mil dólares por dia, e atrasos de até 45 dias podem gerar multas de aproximadamente 7 milhões de reais.
Porém, mesmo com os atrasos, as tradings estão pagando valores normais pela saca de soja e ainda conseguem adquirir grandes volumes. Isso demonstra claramente que a oferta de soja é alta, reforçando o cenário de uma safra abundante.
A principal pressão de baixa sobre os preços da soja desde sexta-feira vem da redução das “retenciones” na Argentina. No país, soja, milho e seus derivados têm uma alta taxação sobre exportações. No entanto, com a diminuição desses impostos pelo governo argentino, o preço da saca aumenta internamente, incentivando as vendas por parte dos produtores.
Até agora, os produtores argentinos venderam apenas 70% da safra velha e apenas 3% da safra nova. Com a redução das taxas válida até julho, a oferta argentina no mercado deve crescer consideravelmente, já que os produtores buscarão aproveitar esse benefício temporário.
O fator Trump também segue no radar, mas atualmente há poucos sinais de tensão entre China e Estados Unidos, o que traz certa tranquilidade ao mercado. Ainda assim, Trump anunciou no domingo uma taxação de 25% para produtos da Colômbia, e o país retaliou na mesma proporção.
Esse aumento de tensões comerciais entre os EUA e países como Colômbia, México e Canadá pode ser benéfico para o Brasil, especialmente no mercado de milho. Tanto o México quanto a Colômbia dependem do milho americano, e agora, com as taxações sobre seus produtos, esses países podem buscar o milho brasileiro como alternativa, criando oportunidades positivas para as exportações nacionais. (Filipe Soares)
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