Os preços do arroz em casca seguem em trajetória de queda no mercado brasileiro, conforme indicam os levantamentos mais recentes do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O cereal não encontrou o parâmetro de sustentação esperado por agentes do setor nas últimas semanas, e o mercado segue pressionado por uma combinação de fatores.
Segundo o Cepea, a atual dinâmica de preços é resultado de uma verdadeira “queda de braço” entre vendedores, que buscam cotações mais elevadas, e compradores, que resistem às negociações diante da ampla oferta disponível. Além disso, o recuo na taxa de câmbio diminui a competitividade do arroz brasileiro no mercado internacional, pressionando ainda mais as paridades de exportação e importação.
Outro fator que limita as vendas são os embarques em ritmo abaixo do esperado, o que amplia a oferta interna e reforça o cenário de baixa liquidez no mercado. De acordo com pesquisadores do Cepea, essas condições reduzem significativamente as margens dos produtores, que veem sua rentabilidade comprometida nesta temporada.
O cenário atual também pode afetar a atratividade da cultura para o próximo ciclo produtivo, já que muitos agricultores tendem a avaliar o custo-benefício antes de definir as áreas destinadas ao arroz.
Recentemente, o mercado passou por mais um fator de pressão: o anúncio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) sobre a possibilidade de adquirir novos lotes do cereal para recompor os estoques públicos. A medida, segundo o Cepea, gera expectativas de preços mais atrativos no médio prazo, sobretudo por meio de contratos futuros.
Em paralelo a essas movimentações de mercado, o Brasil mantém sua posição de destaque na produção mundial de arroz. De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a safra brasileira 2023/24 contabiliza cerca de 10,4 milhões de toneladas, com produção concentrada principalmente na Região Sul, que responde por mais de 70% do total colhido.
O Rio Grande do Sul permanece como o maior produtor nacional, seguido por Santa Catarina e Paraná. Ainda segundo o Mapa, o país é autossuficiente na produção do cereal, mas o excesso de oferta neste momento, aliado às incertezas econômicas, gera desafios adicionais para os produtores.
Enquanto isso, o setor segue atento às definições do governo quanto às compras públicas e aos desdobramentos do mercado internacional, que podem influenciar o comportamento dos preços nos próximos meses. (com Cepea)
Foto: Mapa